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O que é a orgonoterapia?

 

 

A orgonoterapia, mais conhecida como psicoterapia reichiana, é uma abordagem de psicoterapia e de medicina integrativa desenvolvida pelo médico, psicoterapeuta e cientista natural austríaco Wilhelm Reich (1897-1957) e que se fundamenta no entendimento de que as emoções são processos energéticos que estão no nível mais profundo de funcionamento da vida e de que os processos fisiológicos-somáticos e os processos psíquicos, embora governados por princípios distintos, têm uma raiz comum, isto é, estão interrelacionados nas emoções.

 

Durante os anos de 1934 a 1957, Reich investigou, por meio de experiências e de observações clínicas, o funcionamento e as manifestações de uma energia considerada por ele diferente das demais formas de energias reconhecidas pela física, a qual ele denominou orgone e teria a propriedade de automovimento e de pulsação, além de ser livre de massa, isto é, desprovida de partícula, e onipresente, pois estaria na origem de diversos movimentos e fenômenos na natureza, como, também, governaria os fluxos energéticos dos organismos.

 

A partir das descobertas que realizou sobre o funcionamento da energia orgone, Reich compreendeu que os processos emocionais envolvem sempre o fluxo dessa energia no nosso organismo e que o desenvolvimento ontogenético que ocorre em nível físico-somático, isto é, os processos fisiológicos, e em nível psíquico, no qual se opera o desenvolvimento do nosso Eu, estaria diretamente relacionado ao funcionamento da energia orgone. Diversas funções vegetativas seriam reguladas pela pulsação dessa energia, como é o caso dos movimentos dos fluídos corporais, das vísceras e o próprio sistema nervoso autônomo, o sistema simpático e parassimpático.

 

Os eventos emocionais cumprem, portanto, um papel fundamental na regulação energética dos processos físicos e psíquicos, de modo que os conflitos e os traumas emocionais podem acarretar perturbações nos fluxos da energia orgone no organismo e comprometer o estado de saúde, pois, para a orgonoterapia, as emoções nada mais são do que o movimento dessa energia no organismo. Doenças psicossomáticas e diversas perturbações físicas e emocionais – excluindo as doenças traumáticas e as doenças infectocontagiosas – teriam, portanto, como origem, os bloqueios e as perturbações nos movimentos energéticos naturais, os quais acompanham as expressões emocionais.

 

Muitas vezes, em decorrência de conflitos emocionais e de processos emocionais defensivos, como, por exemplo, a repressão de impulsos, o nosso organismo acaba perdendo a sua capacidade natural e espontânea de expressar as emoções e, dependendo do nível, da gravidade, da forma e do tempo com que os bloqueios e as perturbações emocionais se apresentam, formas distintas de adoecimentos, tanto na esfera corporal quanto, na psíquica, podem surgir nas pessoas.

 

A orgonoterapia tem como meta possibilitar que o paciente restaure a sua capacidade natural e espontânea para expressar suas emoções, pois entende que, quanto mais próximos de um funcionamento vital regulado pela livre expressão das emoções e pelo livre fluxo da energia orgone no nosso organismo, mais próximos de um funcionamento natural e saudável nos encontramos. Em contrapartida, quanto mais distantes e incapazes de expressar naturalmente nossas emoções e quanto mais obstruções e perturbações se apresentam aos fluxos dessa energia, mais próximos de um estado de adoecimento nos encontramos.

 

É importante esclarecer que todos nós possuímos defesas e conflitos emocionais, os quais podem se agravar ou se cronificar, como, também, podem se abrandar ou se solucionar de acordo com nossa capacidade de lidar com nossas emoções frente às demandas que a vida nos coloca. Muitas vezes, em decorrência dos conflitos emocionais, não sabemos usar os recursos dos quais dispomos, ou acreditamos, infelizmente, em falsas crenças que nos fazem sofrer, ou carregamos preconceitos e valores morais que nem sempre colaboram para uma vida rumo à felicidade, ao prazer e à alegria. Quando perdemos o contato com as nossas emoções profundas, é fácil cairmos em labirintos emocionais que nos prendem em dinâmicas afetivas que trazem sofrimento e confusão para nossas vidas e para a vida das pessoas que nos cercam.

 

A orgonoterapia utiliza-se de diversos recursos vivenciais e de técnicas corporais que auxiliam o paciente a perceber seu corpo com mais vivacidade e intensidade, possibilitando, gradativamente, flexibilizar e atenuar as defesas que contêm os fluxos da energia orgone, restaurando, dessa forma, um fluxo energético mais natural, o qual é essencial para que se tenha um contato mais profundo e genuíno consigo mesmo e que se possam identificar e perceber emoções profundas, alcançando cada vez mais uma forma mais autêntica e espontânea de viver.

 

Entre os recursos terapêuticos utilizados na orgonoterapia encontram-se técnicas respiratórias, sonorização, toques, massagens e movimentos corporais que expressam ações ontogenéticas importantes para o desenvolvimento psíquico, ações corporais que remetem às vivências primitivas e exercícios de estimulação de funções vegetativas e de processos de integração psicossomáticos.

 

Esses recursos terapêuticos são denominados actings ou trabalhos corporais e são imprescindíveis na psicoterapia reichiana, pois, junto com os processos psicodinâmicos e com a relação terapêutica entre paciente-terapeuta, possibilitam ao paciente: 1) um contato mais profundo consigo mesmo, se comparado com aquele que se poderia alcançar apenas pela psicoterapia verbal; 2) o acesso e a liberação de afetos e emoções primitivas, isto é, de fases precoces do desenvolvimento anteriores à aquisição da linguagem; 3) a elaboração de conflitos emocionais que não estão na esfera dos eventos simbolizados; 4) a restauração da pulsação energética, a qual governa, simultaneamente, os processos somáticos e psíquicos; 5) uma integração funcional entre os processos psíquicos e os processos corporais; 6) a prevenção e o tratamento de uma série de desordens e perturbações orgânicas; e 7) inúmeras outras maneiras de se abordar questões existenciais e quadros psicopatológicos, os quais, nem sempre, são de resolução somente pelo campo da fala.

 

O uso adequado dos recursos terapêuticos dos quais a orgonoterapia se vale deve ser realizado por profissional devidamente capacitado, de preferência alguém com formação no campo da saúde, que tenha formação em psicoterapia reichiana/orgonoterapia e que conheça, com profundidade, os princípios do pensamento reichiano, isto é, o funcionalismo orgonômico. O uso dos trabalhos corporais reichianos e o uso de dispositivos para a manipulação da energia orgone (acumuladores de energia orgone e DOR-buster) pressupõem conhecimentos específicos no campo da orgonomia, a ciência que almeja investigar as manifestações dessa energia na natureza.

 

 

Francisco Bissoli Neto

 

7 de junho de 2022

 

O conceito de "orgonoterapia" compreende todas as técnicas médicas e pedagógicas que usam a energia biológica, o orgone. A energia orgone cósmica, da qual deriva o conceito de orgonoterapia, só foi descoberta em 1939. Porém, muito antes dessa descoberta, o objetivo da análise do caráter consistia na liberação da "energia psíquica" (como então era chamada) da couraça do caráter e da couraça muscular, e no estabelecimento da potência orgástica.

Wilhelm Reich