Textos e traduções de minha autoria
RESUMO
Introdução: O tema do presente artigo é a concepção de saúde-adoecimento com base no funcionalismo orgonômico, a metodologia de investigação científico-natural desenvolvida por Wilhelm Reich (1897-1957), a qual se baseia em pressupostos energéticos e em propriedades investigadas por esse pesquisador nas manifestações da energia orgone. Objetivo: O objetivo principal desse ensaio é realizar uma descrição acerca da concepção de saúde-adoecimento presente na obra reichiana. Método: Trata-se de um estudo teórico-descritivo e hermenêutico. As fontes de pesquisa foram documentais e bibliográficas: livros e artigos produzidos por Reich e seus seguidores, que compõem o eixo clínico-terapêutico de sua obra. Resultados: A concepção orgonômica sobre saúde-adoecimento articula-se em torno de conceitos-chave presentes na obra do referido autor, podendo-se citar: a potência orgástica, o encouraçamento, a noção de emoção como impulsos primários e secundários, a energia orgone, a sua função de pulsação e as suas perturbações e os seus bloqueios. Considerações finais: Wilhelm Reich deixou um legado que, ao nosso ver, merece ser mais explorado cientificamente, sobretudo, porque suas teorias, métodos, técnicas e experimentos geraram, em certa medida, a construção de concepções e conceitos coerentes internamente e explorados por seus seguidores, sobre a saúde e o adoecimento, e, via de consequência, o desenvolvimento de saberes, técnicas e perspectivas que podem auxiliar na prevenção e no tratamento de vários problemas de saúde.
Acesse o artigo na íntegra:
https://portaldeperiodicos.animaeducacao.com.br/index.php/CNTC/article/view/8324/5596
RESUMO
O tema da presente pesquisa é a orgonoterapia e o funcionalismo orgonômico de Wilhelm Reich (1897-1957), médico e pesquisador que se dedicou a desenvolver teorias e técnicas terapêuticas próprias, as quais são pouco consideradas pela comunidade acadêmica. O objetivo da pesquisa foi realizar uma interpretação e síntese da concepção orgonômica de saúde-adoecimento, isto é, descrever, de forma sistematizada, as principais ideias e propostas desse autor, dentro de uma rede de conceitos inter-relacionados, presentes em múltiplos textos, ainda pouco sistematizados. Trata-se de um estudo teórico-conceitual, com abordagem hermenêutica. As fontes da pesquisa foram documentais e bibliográficas: livros e artigos produzidos por Reich, que compõem o eixo clínico-terapêutico de sua obra, e de seus seguidores e estudiosos. O trabalho está estruturado em quatro partes: a trajetória do autor e de sua obra; os desenvolvimentos após a sua morte por seguidores; o funcionalismo orgonômico; a concepção de saúde-adoecimento e algumas de suas contribuições para a atualidade. As intervenções da orgonoterapia e a sua concepção de saúde-adoecimento estão fundamentadas no funcionalismo orgonômico, metodologia de investigação desenvolvida por Reich, a qual se baseia em pressupostos energéticos e em propriedades de uma energia primordial que ele julgou ter descoberto, que chamou de orgone . A concepção orgonômica sobre saúde-adoecimento articula-se em torno de conceitos-chave presentes nos diversos textos produzidos pelo autor, podendo-se citar: a potência orgástica, o encouraçamento, a noção de emoção como impulsos primários e secundários, a energia orgone e a função de pulsação e as suas perturbações e os seus bloqueios. O encouraçamento pode ser compreendido como perturbações no fluxo natural e espontâneo da energia orgone no organismo, os quais afetam a função energética básica, a pulsação orgonótica, que governa todos os processos vitais, segundo o autor. As emoções correspondem ao movimento da energia orgone no organismo e os bloqueios emocionais, a perturbações no movimento espontâneo dessa energia, os quais interferem na função de pulsação. O encouraçamento crônico se expressa em termos de graves bloqueios emocionais, os quais estão na origem de diversas disfunções fisiológico-orgânicas, de comportamentos psicopatológicos e de uma série de adoecimentos, tais como as doenças psicossomáticas, e tem sua origem nos primeiros estágios de desenvolvimento humano, muito antes de manifestarem-se os sintomas orgânicos. Entre as contribuições potenciais que a concepção orgonômica de saúde-adoecimento pode oferecer para à saúde coletiva estão: a) uma visão integrada sobre o funcionamento dos processos psíquicos e físicos; b) um entendimento de que, por trás das doenças psicossomáticas, residem questões emocionais graves que necessitam de atenção; c) um entendimento de que práticas terapêuticas corporais são de grande ajuda para o tratamento das doenças mentais; d) a indicação de que cuidados preventivos na gestação, no parto e nas fases de desenvolvimento humano são importantes a fim de se evitarem as causas do encouraçamento e, dessa forma, prevenir doenças; e e) revelar a importância do cuidado e da educação das crianças, especialmente no que se refere às questões de sexualidade, uma vez que ali se encontram os pilares para a prevenção e promoção da saúde.
Acesse a dissertação na íntegra:
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/206410/PGSC0236-D.pdf?sequence=-1&isAllowed=y
Trecho da tradução:
"Os desenvolvimentos ao longo de décadas, como demonstrado pelo fio condutor que conecta as primeiras formulações sobre a couraça do caráter trinta anos atrás com os problemas do desenvolvimento do deserto, são, em si mesmos, provas da validade do método empregado nestes desenvolvimentos. Não pode haver desenvolvimento de pensamento consistente, a não ser que o método de pesquisa seja seguro.
O termo “couraça” já inclui o ponto de vista fisiológico e o energético. A couraça não é nem psicológica, nem estática, mas um bloqueio dinâmico. A energia vital está bloqueada, isto é, impedida de se mover no domínio encouraçado. É o organismo total, com a energia ainda móvel, que realiza o bloqueio. Agora, vamos completar este esquema da estrutura do caráter por meio de uma visão mais nova e profunda.
Assim, estamos alcançando, lentamente, um terreno firme nas profundezas do organismo, além dos limites daquilo que é mecânico e daquilo que pertence às funções psicológicas, estamos alcançando o antagonismo das funções da energia vital em si mesmas; na contradição entre uma energia vital completamente funcional e uma imobilizada e deteriorada."
Trecho da tradução:
"Este é o problema e tentaremos entendê-lo e resolvê-lo, se possível: de que maneira a perturbação nos olhos se liga ou se conecta com as perturbações formais da percepção na esquizofrenia? Você entende que o processo esquizofrênico se distingue de todos os outros processos por uma perturbação da percepção do elemento formal no funcionamento bioenergético - não dos conteúdos, mas da maneira como o esquizofrênico experiencia o mundo. Agora, como isso está conectado com os olhos? E como os olhos se conectam com a perturbação formal?
Você entende o meu problema, a pergunta que estou colocando? Eu me pergunto! Você vê que no esquizofrênico temos duas coisas. Uma delas é uma perturbação formal de percepção e da integração. A outra, os sintomas oculares que são tão pronunciados. Esses dois grupos estão ligados, de certa forma, histórica e dinamicamente. A primeira é uma perturbação da função total. Há desintegração e dissociação da percepção a partir da excitação. (Nós já discutimos isso, a cisão, o bloqueio entre a percepção e a excitação. Isso é perfeitamente claro.) Esse é um sintoma. E o outro é o sintoma do olho, que é algo somático. Agora, como eles se conectam? Você pode adivinhar? Se você trabalhou com esquizofrênicos, então é fácil; se não trabalhou com eles, então é difícil.
Vou apresentar o problema mais uma vez, brevemente. Por um lado, você tem um distúrbio geral na esquizofrenia que é específico para cada um de seus tipos, seja a hebefrênica, a catatônica ou a paranóide - em todos os casos. Você tem essa desintegração formal, desintegração da fala, da personalidade, da coesão e assim por diante. Podemos reduzir isso a uma cisão entre a função da percepção e a excitação objetiva. Isso significa que elas não se conectam uma com a outra de forma alguma. E a outra perturbação é um distúrbio no segmento ocular que achamos que tem algo a ver com o orgasmo oral e com o orgasmo facial no bebê. Todo mundo entende de que forma se apresenta o problema? Porque isso nos leva diretamente a três coisas: primeiro, ao processo esquizofrênico propriamente dito; segundo, para o desenvolvimento do bebê; e, terceiro, às perturbações orgásticas na fase final."
Toda a rigidez muscular contém a história e a significação de sua origem. Quando ela é dissolvida, não só a energia é liberada, mas também trás à memória a própria situação infantil em que o recalque se deu.
Wilhelm Reich